Telegram diz que CEO não tem nada a esconder após prisão na França

Durov disse em uma rara entrevista anterior que evita viajar para países "grandes e geopolíticos" onde há "muita atenção" sobre o Telegram.

Por Redação Categoria Nerd
5 Min Read
Resumo
  • O Telegram emitiu uma declaração defendendo seu CEO, alegando que ele "não tem nada a esconder" e que a plataforma não pode ser responsável pelo suposto abuso no uso da mesma.
  • Durov foi preso no aeroporto de Le Bourget, em Paris, após chegar de um voo do Azerbaijão. A prisão está relacionada a uma investigação sobre a suposta falta de moderação no Telegram.
  • Em uma rara entrevista anterior, Durov reforçou a missão da plataforma de ser "neutra" e resistir a pedidos de governos. Ele disse que evita viajar para países "grandes e geopolíticos" onde há "muita atenção" sobre a empresa.

O Telegram emitiu uma declaração defendendo seu CEO e fundador, Pavel Durov, após a sua prisão na França. A empresa afirma que “é absurdo alegar que uma plataforma ou seu proprietário são responsáveis ​​pelo abuso [no uso] dessa plataforma” e que Durov “não tem nada a esconder”.

“O Telegram obedece às leis da UE, incluindo a Lei de Serviços Digitais — sua moderação está dentro dos padrões da indústria e está em constante melhoria. O CEO do Telegram, Pavel Durov, não tem nada a esconder e viaja frequentemente pela Europa. É absurdo alegar que uma plataforma ou seu proprietário são responsáveis ​​pelo abuso dessa plataforma. Estamos aguardando uma resolução rápida dessa situação. O Telegram está com todos vocês”, diz a declaração da empresa.

Detalhes sobre a prisão de Pavel Durov

O fundador e CEO do Telegram, Pavel Durov. Foto: Reuters

Durov foi preso no aeroporto de Le Bourget, em Paris, na noite de sábado (24/8), após chegar em um jato particular vindo do Azerbaijão. O bilionário russo de 39 anos tem cidadania na França e nos Emirados Árabes Unidos, este último onde o Telegram está sediado.

Agências locais relatam que a prisão de Durov ocorreu devido a um mandado relacionado à investigação sobre a suposta falta de moderadores no Telegram. A acusação é de que ele supostamente não teria tomado medidas suficientes para cercear a liberdade de expressão na plataforma. Há relatos sobre acusações sobre recusa em entregar dados de usuários.

A imprensa local noticiou que Yulia Vavilova, suposta namorada de Durov, também teria sido detida. Relatos indicam que Vavilova pode ter sido um fator na prisão de Durov. Vavilova, que foi vista com Durov em diversas ocasiões e estava a bordo do jato, postou atualizações no Instagram (fotos e stories) de sua viagem supostamente disponibilizando sua geolocalização.

Telegram atrai atenção de governos em todo o mundo

Logotipo do Telegram em destaque. Foto: Politico

Embora não seja criptografado por padrão, a abordagem de moderação do Telegram faz com que muitos o vejam como uma alternativa privada e sem censura a outras redes sociais. Isso, no entanto, tem atraído a atenção de governos em todo o mundo, incluindo a França, que alegou – sem apresentar evidências – preocupações com “segurança” e “violação de dados”.

O Telegram enfrentou tentativas de censura e banimento em vários países, incluindo a Rússia, que tentou proibir o aplicativo em 2018, e o Brasil, onde o Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a ordenar o bloqueio do app, apesar da Constituição vetar a censura.

Durov falou em abril sobre a pressão de agências de segurança dos Estados Unidos, afirmando que o FBI e outras autoridades tentaram estabelecer um relacionamento para melhor controlar o Telegram.

A Rússia parece muito interessada no que acontece com Durov. O The Verge relata que a Embaixada Russa em Paris diz que o governo francês até agora não lhe concedeu acesso a Durov.

Pavel Durov disse anteriormente que evitava viajar para alguns países devido a “atenção” deles sobre o Telegram

Pavel Durov em entrevista ao jornalista Tucker Carlson em abril de 2024. Foto: Reprodução

Em uma rara entrevista com Tucker Carlson em abril, Durov reforçou a missão do Telegram de ser uma plataforma “neutra” e resistir a pedidos de governos para moderar conteúdo. Ele disse que evita viajar para países “grandes e geopolíticos” onde há “muita atenção” sobre a empresa.

“Viajo para lugares onde tenho confiança de que esses lugares são consistentes com o que fazemos e nossos valores”, disse Durov em abril de 2024.

“Prefiro ser livre do que receber ordens de qualquer pessoa”, disse Durov na entrevista, abordando sua saída da Rússia e a busca por um novo lar para o Telegram, que incluiu períodos em cidades como Berlim, Londres, Cingapura e São Francisco antes da atual localização.

O Telegram, que se define como um aplicativo de mensagens seguro e com foco na privacidade, é uma das maiores plataformas de mensagens do mundo, com quase 1 bilhão de usuários globalmente; é o segundo maior mensageiro no Brasil, ficando atrás somente do WhatsApp, e é particularmente popular na Rússia, Ucrânia e outros países da antiga União Soviética.

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