Os melhores efeitos visuais de “WandaVision” nem foram percebidos

Por Redação Categoria Nerd
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Quando “WandaVision” estava exibindo seus primeiros episódios, muita gente se perguntava porque a série tinha um orçamento de efeitos visuais tão grande, visto que não estavam vendo nenhum efeito visual espetacular. Ou, pelo menos, isso foi o que eles pensaram, por que não perceberam que essencialmente todas as cenas com Visão (Paul Bettany) em sua verdadeira forma andróide eram na verdade efeitos visuais em plena ação.

“Eu não interrompi ou quis dizer nada. Eu apenas deixei as pessoas tentarem envolver seus cérebros em torno disso”, disse Ryan Freer, supervisor de efeitos visuais do estúdio Monsters Aliens Robots Zombies (MARZ), que foi em grande parte responsável pelos efeitos visuais de “WandaVision”. “Os melhores efeitos visuais sãos os efeitos visuais que você não percebe”.

Como tende a ser o caso com grandes sucessos de bilheteria ou grandes séries, principalmente nas produções do Universo Cinematográfico da Marvel, muitos, muitos efeitos visuais contribuíram para trazer “WandaVision” à vida e o MARZ, um estúdio especializado fundado em 2018, foi parcialmente encarregado de um dos efeitos mais importantes que muitos telespectadores esperançosamente nunca perceberiam.

“A maioria das pessoas, se não gosta de efeitos visuais ou fez pesquisas sobre como os filmes anteriores foram feitos, elas simplesmente presumem que Paul Bettany está usando capacete e maquiagem e tudo isso é feito na câmera, mas não é”, explica Freer em entrevista ao SYFY Wire que, ao invés disso, com excessão dos olhos, nariz e parte da boca de Bettany, o restante é tudo uma criação de CGI e garantir que nunca pareça ser assim na tela é uma façanha.

MARZ trabalha especialmente em séries de grande perfil; antes disso, o efeito visual de maior importância do estúdio era Looking Glass em “Watchmen”, do HBO, outro empreendimento que muitos telespectadores podem não ter percebido que era tudo CGI em primeiro lugar – embora ficassem intrigados de como era impressionante aquilo.

“Anos atrás, você pensaria que qualidade de programa de televisão significava que não seria qualidade de longa-metragem. É cafona. Não está no mesmo nível. Mas, hoje em dia, você está chegando a um ponto em que não encontra muita coisa de uma diferença, especialmente quando você está trabalhando em algo como uma série da Marvel”, diz o co-presidente do MARZ, Lon Molnar, observando que o Marvel Studios lhes ofereceram espaço para passar por 20 ou 30, às vezes até 60 iterações diferentes em um efeito antes de se estabelecer no produto final que iria para a tela.

Dito isso, apesar de parecer mais um filme de grande sucesso do que o que anteriormente era imaginado como televisão (agora streaming também), e apesar do objetivo do MARX de fazer seu trabalho de efeitos visuais parecer imperceptível, parte do conceito da trama de “WandaVision” era que tinha que parecer com uma sitcom de TV antigo – e, bem, esses seriados antigos não eram tão brilhantes e polidas quanto um filme moderno.

“Tivemos que fazer efeitos em nível de filme para um programa de TV que tinha que estar naquele nível, mas não parecia, mas também parecia um programa de TV, o que é meio confuso”, admite Freer. Um dos efeitos que MARZ controlou nos episódios do início e do meio da temporada foi a transformação de Visão de sua forma humana para sua forma andróide. No segundo episódio, uma combinação de sitcoms dos anos 60, Visão se transforma com “uma feitiçaria estrelada” que lembra “A Feiticeira”, enquanto para o episódio que se passa em um programa dos anos 70, Freer diz que eles procuraram Tron para “as falas e o tipo de brilho realmente extravagante que você teria naquela época”.

Às vezes, no que poderia parecer um anátema para a própria ideia de efeitos visuais contínuos, MARZ precisava fazer as cenas parecerem “não-tão-boas” – por falta de palavras melhores; uma das cenas inicias quando Visão e Wanda têm anéis de casamento nas mãos foi conseguida usando um simples efeito de salto – uma técnica de filmagem muito, muito simples em que os visuais são cortados abruptamente de um pedaço para o outro para incluir um objeto que antes não estava.

O problema era que até mesmo isso eram perfeitos demais para uma sitcom em preto e branco que o Marvel Studios estava procurando. “Foi muito bom”, explica Freer. “Então, na verdade, tivemos que mover o quadro, pegar suas mãos, rotoscopá-los, movê-los no quadro e, em seguida, substituir o fundo para fazer com que parecesse mais uma mudança, que é o oposto do que você sempre deseja fazer em um trabalho desse tipo”.

Outro momento crucial de efeitos visuais da MARZ em “WandaVision” foi no episódio 6, o de Halloween, no qual Visão voa acima da realidade distorcida em que ele estava vivendo e depois desce até Agnes (agindo de forma muito estranha). Toda aquela sequência – a cidade, o céu e todo o resto, com exceção de apenas algumas características faciais de Bettany – foi puro CGI.

Como um estúdio ainda jovem, as ambições e capacidades do MARZ estão sendo estabelecidos – “estamos provando que somos bons em cabeças”, Molnar disse ao SYFY Wire. No entanto, Freer entende e compreende algumas das críticas de que filmes de super-heróis tendem a terminar com uma extravagância de CGI como ato final, ao invés de ser mais focado na história (o final de “WandaVision” não foi exceção e MARZ não fez nenhum dos efeitos da batalha final – deve-se notar). “É assim que acontece quando você meio que tem um final massivo”, ele explica fazendo comparações com os quadrinhos em que as produções são baseadas. “Acho que não seria um grande filme épico se não fizesse isso”.

“O que eu pensei, porém, com esta série é a quantidade de emoção que estava ligada à ela”, Freer continua. “Não era como, ‘Oh, nós salvamos o jogo mundial’, ou algo do tipo. Havia algumas emoções e sentimentos reais, e acho que é isso que as pessoas mais se apegaram. Talvez eles não precisassem ir tão longe, mas você meio que apaziguar os dois lados disso”.

“WandaVision” é uma estranha série de ficção científica com elementos de sitcoms clássicas, descrita como “uma mistura de televisão clássica com o Universo Cinematográfico da Marvel”, que mostrará Wanda e Visão em vidas suburbanas idealizadas, até começarem “a suspeitar de que nem tudo é o que parece”. Elizabeth Olsen e Paul Bettany estrelam o programa do Disney+ reprisando seus respectivos papéis de Wanda Maximoff (a Feiticeira Escarlate, que consegue manipular a matéria e o tempo), e Visão (um androide regenerativo com força sobre-humana).

Ao longo da série, vimos Wanda de Elizabeth Olsen e Visão de Paul Bettany vivendo em um mundo suburbano altamente fantasiado e inspirado por seriados dos anos 50, 60, 70, 80, 90 e 2000. À medida que avançam pelas décadas, podemos ver seu mundo mudando de seriados dos anos 50, 60 e 70 para parecer mais com programas dos anos 80, 90 e 2000 – desde algo como “Full House” até as quebra da quarta parede de “Modern Family”.

Bettany contou anteriormente que o primeiro episódio foi gravado inteiramente ao vivo em um estúdio com plateia. Ele também revelou que a série apresenta uma trama complexa, da qual teremos que decifrar um certo “quebra-cabeça”. Antes disso, o ator ainda afirmou que “WandaVision” nos fará pensar no MCU de uma maneira totalmente nova, garantindo também que “todas as coisas malucas serão sobre alguma coisa”.

Agora, com todos os nove episódios de “WandaVision” no ar, os fãs podem entender a história e os grandes mistérios da série de ficção, incluindo como os dois super-heróis poderosos ficaram presos em uma realidade de sitcom (spoiler: foi a forma como Wanda encontrou de fugir do trauma da perda). Dito isso, como o presidente do Marvel Studios Kevin Feige disse antes da estreia da série, portanto não é spoiler, “WandaVision” explora de maneira mais ampla os poderes de Wanda Maximoff e seus traumas.

Enquanto inicialmente tivemos uma dose muito boa de ficção com sitcom, o quarto episódio, “Nós interrompemos este programa”, se afastou da fórmula, e [alerta de spoilers] mostra o mundo além da realidade distorcida de Wanda e Visão, revelando que Westview é um lugar real em New Jersey, mas foi ultrapassado por algum tipo de campo de força que cercou a cidade e não permite que ninguém entre ou saia. Respondeu muitas perguntas.

O penúltimo episódio foi uma retrospectiva da vida de Wanda e os traumas que a levaram ficar presa em uma realidade distorcida baseada em décadas de sitcoms. Wanda costumava assistir à esses programas de ficção com as pessoas que ela amava e perdeu (inclusive ela assistia à um desses no dia que uma bomba das indústrias Stark matou seus pais).

Para fugir da dor de perder mais alguém, Wanda foi até o lugar onde ela e seu falecido Visão planejavam construir um lar e compartilhar uma vida. Confrontando o sofrimento, Wanda alterou a realidade daquele lugar e tudo ao seu redor, tornando tudo em uma realidade distorcida baseada em décadas de sitcoms (afinal no final de cada episódio tudo acaba bem). Mas, como foi visto ao longo dos oito episódios, aquela realidade começou a desmoronar, enquanto Wanda não conseguia confrontar seu passado doloroso e suas perdas.

Mas ela não tem muito tempo de paz, já que uma ameaça na forma da SWORD (ou ESPADA) fora dali ameaçava entrar. A cena pós-crédito no episódio 8 mostra que a SWORD não só tentou descobrir como trazer Visão de volta à vida (ou online) para usá-lo como uma arma, mas depois de canalizar um pouco da energia de Wanda, eles tiveram sucesso. No entanto, este Visão reanimado é distintamente diferente da versão original: ele é inteiramente branco (há precedentes para isso nos quadrinhos da Marvel).

Claro, essa não seria a única ameaça para Wanda, já que bem do seu lado, dentro da realidade distorcida criada por Wanda, havia uma potencial ameaça; ninguém menos do que Agatha Harkness, uma poderosa feiticeira que se infiltrou na realidade de Wanda e manipulou vários eventos da série.

O episódio, baseado em elementos de “Modern Family” e “The Office”, é intitulado Quebrando a Quarta Parede viu a realidade baseada em sitcoms começar a desmoronar. Numa reviravolta amplamente e há muito tempo esperada, Agnes se revelou como Agatha Harkness, dizendo que para Wanda que ela “não era a única garota mágica da cidade, achou? Meu nome é Agatha Harkness. Prazer em finalmente te conhecê-la, querida”.

A série também apresenta uma musiquinha, “Agatha All Along”, para a reviravolta que, mesmo que já esperada, irá mudar o jogo inteiro da história da série. Enquanto Agatha fala sobre as façanhas e manipulações dela dentro da realidade distorcida de sitcom, vemos imagens dela secretamente e sorrateiramente alterando magicamente o curso dos eventos nos episódios anteriores, piscando para a câmera antes de revelar que ela matou o cachorro (apenas para confirmar que ela é uma vilã).

Voltando para o penúltimo episódio, nele descobrimos mais sobre o passado da própria Agnes, que foi vista sendo rejeitada pelas malvadas bruxas de seu coven (incluindo sua própria mãe). Ela ficou impressionada com as habilidades mágicas de Wanda e resolveu se infiltrar naquela realidade para descobrir como a Feiticeira Escarlate fez aquilo tudo. Para sua surpresa, a própria Wanda não sabia como tinha feito aquilo tudo. Foi quando Agnes utilizando de suas habilidades de feitiçaria foi com Wanda revisitar alguns pontos importantes de sua vida que poderiam ter levado ela a conseguir ter tais habilidades a ponto de construir uma realidade inteira. 

Conforme mencionado acima, muito disso é baseado no trauma de Wanda; neste episódio ela descobre isso enquanto faz uma pequena viagem (inicialmente forçada) pelo seu passado, revivendo alguns eventos de trauma e pontos importantes de sua vida, que a levaram até ali. Agnes está observando tudo e no final do episódio Agnes diz para Wanda que o que ela está fazendo é magia do caos, o que a torna a Feiticeira Escarlate.

O final se concentrou em Wanda e no fim dessa fase de sua jornada, com a mensagem de que às vezes, você tem que passar pelo que precisa passar para chegar aonde precisa. Por pior que tenham sido, essas coisas acontecem e tornaram Wanda em quem ela é; no final a magia humana da aceitação é a coisa que a leva para frente, mesmo que partindo seu coração. Wanda não gosta de sua situação, mas finalmente aceita. Ela faz isso no meio de uma série de batalhas mágicas com Agatha Harkness

“Você sabia que há um capítulo inteiro dedicado a você no Darkhold?” Agatha pergunta para Wanda, referindo-se a um livro problemático visto na quarta temporada de “Agents of SHIELD”, de acordo com o SYFY WIRE. “Seu poder excede o Feiticeiro Supremo. É o seu destino destruir o mundo”.

Wanda não quer que isso seja seu legado; e quando Agatha liberta os habitantes de Westview de seu encantamento para viverem na realidade distorcida, todos eles imploram a Wanda para libertá-los ou matá-los. Todos eles estão sofrendo por causa do que Wanda fez, e essa é a última coisa que ela queria ter feito. Wanda parece entender que precisa desistir disso, e isso significa desistir de seu mundo de sitcom e, assim, se perder sua família. Se Westview for, então Visão e seus filhos Billy e Tommy também irão. 

Isso tudo, também é uma história que se repete para Agatha, que, olhando para os agentes, diz para Wanda que sempre haverá “tochas e forcados” para mulheres como elas. Porém as duas não se unem, ao invés disso, a batalha continua. Em certo ponto, Agatha leva Wanda para uma visão da época em que seu clã tentou queimá-la na fogueira. Wanda se liberta, e depois de muitas batalhas, parece que Wanda perdeu – mas não!

“Obrigada pela lição, mas não preciso que você me diga quem eu sou”, diz ela para Agatha. Wanda rejeitou o acordo, o que de qualquer maneira era uma mentira. Ela decide libertar Westview e deixar Visão ir. Ela decide assumir as consequências do que aconteceu com ela e ser seja lá o que ela for agora. Após uma explosão de magia, seu visual se transforma em uma nova versão do visual clássico de quadrinhos de Wanda. Ela tem o capacete vermelho e tudo. Wanda realmente se tornou na Feiticeira Escarlate. 

Esperançosamente, Agatha também será vista novamente, pois uma vez que ela é derrotada, Wanda a transforma em alguma forma de Agnes que aparentemente não tem total consciência de quem ela é. Enquanto a realidade de sitcom se fecha e Westview retorna ao normal, Jimmy Woo pede ajuda, e Darcy diz a Hayward para “se divertir na prisão”.

Resta Wanda se despedir de sua família, ao mesmo tempo em que seu mundo desaparece do lado de fora da janela de Billy e Tommy. “Obrigada por me escolherem para ser sua mãe”, diz ela. Quanto a esta versão do Visão, ele não sabe o que virá a seguir. “Já dissemos adeus antes”, ele diz a Wanda, “então é lógico”… “que vamos dizer olá de novo”, ela termina.

Wanda não entende seu poder, mas logo entenderá. Com seu novo visual, ela começa uma jornada de auto-aprendizado em cenas pós-créditos. Localizada agora em uma cabana remota, ela faz um chá e em outra sala, uma versão diferente dela lê o livro de Agatha Harkness. Então, agora é cuidado Doutor Estranho, por que Wanda está chegando. Literalmente, pois ela estará em “Doutor Estranho 2”, que estreia em 2022.

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