Uma assustadora e irreconhecível Gillian Anderson surge no trailer oficial da quarta temporada de “The Crown”, da Netflix, que leva todo aquele drama da coroa britânica para os anos 80, retratando a ascensão da infame Margaret Thatcher, interpretada por Anderson com uma voz tão horrível que chega assustar, e então, é claro, a introdução de Diana, interpretada por Emma Corrin, com o tema central sendo: Se ela não se inclinar à vontade da Coroa, o que acontecerá?
O trailer dos novos episódios inicia com um retrato impreciso da polêmica política britânica Margaret Thatcher, que aqui parece não ser aquela persona horrível que prejudicou tantas pessoas, mas sim uma mulher enfrentando a misoginia – então parece que “The Crown” realmente quer humanizá-la.
Depois disso, uma pessoa diz para Charles que um dia ele “será o rei” (o que nunca aconteceu, você sabe, a rainha Elizabeth está lá para sempre), e por isso ele teria o dever de encontrar uma esposa para ser a princesa que o gado vai amar. Então existe uma compilação de momentos tensos de todo aquele drama da monarquia, enquanto a população inteira sofre com uma tal Thatcher, que só aqui é uma pessoa sofredora e legal – veja abaixo:
De tudo que foi divulgado até agora, sabemos que esta temporada se concentrará fortemente na princesa Diana e sua dinâmica de relacionamento com o príncipe Charles. Mas mesmo assim, o casamento é apenas uma pequena parte da “ação” desta temporada. Em outro lugar, não tão distante assim, temos todo aquele drama envolvendo a família da Rainha Elizabeth (Olivia Colman) e ainda a ascensão de um potencial novo tipo de vilão, na forma da primeira mulher Primeira-Ministra da Grã-Bretanha, Margaret Thatcher.
Estranhamente parece que a infame política, fortemente criticada por seus crimes de guerra, vai ser humanizada pelo drama da Netflix, com a interprete da figura dizendo que será mostrado “um outro lado de Thatcher”, falando ainda de “emoção fundamentada”, com base no desaparecimento de seu filho.
“Certamente vemos um outro lado de Thatcher que tem uma vida mais emocional do que talvez tenha sido visto antes”, disse Anderson ao RadioTimes. “Por exemplo, em termos de episódios em que o filho dela desaparece. Essa é a emoção fundamentada, bem fundada e bem documentada que ela estava experimentando naquele momento, então não parece que está fora de ordem de alguma forma. É um retrato completo. Não é um retrato unidimensional”.
“Eu não tinha reservas”, revelou Anderson. “Ela é uma personagem tão complexa e desafiadora que parecia um acéfalo dizer sim, independentemente das minhas próprias opiniões ou pensamentos ou preconceitos, ou até mesmo níveis de medo. Não demorou muito para eu ser persuadida”.
“Acho que teria realmente me arrependido se não tivesse feito isso e outra pessoa tivesse aceitado e feito um bom trabalho”, a atriz disse em outra entrevista ao EW. “Então, achei que era um desafio bem-vindo. Sim, [foi] assustador no sentido de que muitas pessoas têm opiniões muito fortes sobre ela e, sem dúvida, terão muitas opiniões sobre como ela é retratada e como eu a interpretei. E isso, no final do dia, é normal”.
“Normal”, ok, um pouco de história real aqui. Críticos comumente observam que Thatcher declarou guerra não apenas aos estrangeiros, mas ao próprio povo britânico, com suas políticas econômicas complicadas de privatização, desregulamentação, desencadeando o capitalismo financeiro, bombeando os ricos com incentivos fiscais subsidiados pela população trabalhadora comum, que se tornou cada vez mais pobre.
Ela fez a famosa proclamação de que “não existia sociedade” e passou a supervisionar o aumento do fosso entre ricos e pobres. Todo o seu mandato foi marcado por sua política de mentalidade orwelliana, chegando a declarar guerra ao “inimigo interno”, se referindo aos britânicos sindicalizados, principalmente à classe mineradora, à qual ela determinou o uso de violência policial, quebrando direitos legítimos previamente estabelecidos. Existem fortes relatos de racismo pesado praticado pela ex-primeira-ministra.
Thatcher era tão ruim que acabou renunciando, mas de qualquer forma seu legado sinistro perdurou por décadas – incluindo na política externa afetando o Brasil. Quando sua vida finalmente foi retirada, em 2013, britânicos e pessoas de todo mundo foram as ruas comemorar incansavelmente e conforme informou o The Guardian, muitos demonstravam sua frustração porque seu legado, mesmo que infame, sobreviveu com o tempo – e a Netflix está dando seguimento à isso.
Com esse elogio à infame política, muitos certamente terão seus motivos para cancelar a Netflix, mas caso você ainda sim queira ver a série, a nova temporada de “The Crown” está agendada para estrear em 15 de novembro deste ano.
Esta é a sinopse da quinta temporada: “Como os anos 1970 estão chegando ao fim, a Rainha Elizabeth (Colman) e sua família se preocupam em proteger a linha de sucessão, garantindo uma noiva apropriada para o Príncipe Charles (Josh O’Connor), que ainda é solteiro aos 30 anos. À medida que a nação começa a sentir o impacto das políticas divisórias introduzidas pela primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (Anderson), surgem tensões entre ela e a Rainha, que só pioram à medida que Thatcher leva o país à Guerra das Malvinas, gerando conflito interno a comunidade”.
O’Connor, que teve uma participação de destaque no papel de Charles na terceira temporada, garantiu que seu personagem terá mais destaque na nova temporada, dizendo ao Vulture que a quarta temporada é “muito mais os anos de Diana e Charles, e particularmente focando no que aconteceu lá e nas ramificações em frente”.
Emma Corrin também falou sobre a trajetória de sua personagem: “Você a conhece e ela tem… 16 anos”, disse Corrin à Vanity Fair, relembrando a primeira cena de sua personagem, na qual Charles passa pela casa da família Spencer para pegar a irmã mais velha de Diana, Sarah para um encontro. “Do episódio um ao três, vemos sua dinâmica antes de entrar no palácio – e como ela era normal, morando em seu apartamento com amigos … então ela é realmente transportada durante a noite”.
Para as pessoas, que por algum motivo ficam obcecadas com isso, de acordo com a Netflix, a figurinista Amy Roberts modelou o vestido de noiva de Diana de acordo com o original, mas “queria criar algo que não fosse uma réplica exata”.
Para esses mesmos interessados, Emma Corrin, disse que Diana tinha um senso de estilo “terrível” quando era mais jovem: “Eu amei a jovem Diana”, disse ela ao EW. “Você não pode entender a Diana velha – a Diana mais velha – corretamente sem entender uma jovem de 19 anos que vive com seus colegas de apartamento, tendo seu primeiro encontro com Charles. Você precisa para entender a trajetória que ela fez. Mas o estilo dela era péssimo”.
As filmagens da quarta temporada foram interrompidas duas semanas antes do previsto, mas isso não afetará o cronograma de lançamento da temporada nem o número de episódios. O criador de “The Crown”, Peter Morgan, disse que preferiu finalizar a série sem as filmagens que faltaram e que estava “aliviado” por isso supostamente não ter afetado a qualidade do programa.
Como provavelmente você já sabe, “The Crown” segue a Rainha Elizabeth II ao longo de sua vida e reinado, e com isso vários atores assumem o papel dos membros da monarquia britânica à medida que a série avança no tempo. Então a quarta temporada marcará o último ano do elenco atual, que é encabeçado por Colman.
A detentora da coroa foi inicialmente interpretada por Claire Foy, nas duas temporadas, seguida por Olivia Colman, nas temporadas 3 e 4. Enquanto Imelda Staunton interpretará a monarca nas duas últimas temporadas da série.