Mais pessoas estão falando contra Joss Whedon e sua conduta “não-profissional”, que aparentemente criou um ambiente de trabalho tóxico nas produções em que ele esteve envolvido. Desta vez Jose Molina, produtor e roteirista de séries como “The Tick” e “Grimm”, acessou seu Twitter para acrescentar alguns relatos contundentes sobre a má-conduta de Whedon.
“‘Casualmente cruel’ é uma maneira perfeita de descrever Joss”, afirmou Molina, citando os relatos anteriores de Charisma Carpenter. “Ele achava que ser mau era engraçado. Fazer os roteiristas chorarem durante uma sessão de anotações era especialmente histérico. Na verdade, ele gostava de se gabar das vezes em que fez um escritor chorar duas vezes em uma reunião”.
O comentário se soma aos feitos por estrelas e outros associados à série “Buffy, a Caça-Fantasmas” e sua série derivada “Angel”. Após os relatos contundentes de Carpenter sobre sua experiência com o comportamento abusivo e não-profissional de Whedon, muitas outras estrelas das séries a apoiou e algumas compartilharam suas próprias experiências.
Michelle Trachtenberg, que se juntou ao elenco quando tinha 14 anos como a irmã mais nova de Buffy, escrevendo: “Eu sou corajosa o suficiente agora como uma mulher de 35 anos… para repassar isso”, acrescentou que o que Whedon “fez foi muito ruim”. Embora ela não especifique, conforme informou o Los Angeles Times, mais tarde a atriz forneceu uma atualização perturbadora, afirmando que “havia uma regra” nos bastidores de que Whedon não poderia ficar sozinha com ela, que na época era uma adolescente, “de novo”. Trachtenberg escreveu: “Havia uma regra. Ditado. Ele não pode ficar sozinho com Michelle de novo”.
A escritora e produtora Marti Noxon, que atuou como showrunner de “Buffy” nas duas últimas temporadas, expressou apoio a Carpenter e às outras atrizes que falaram contra Whedon. “Eu gostaria de validar o que as mulheres de Buffy estão dizendo e apoiá-las em contar sua história. Elas merecem ser ouvidas”, escreveu ela. “Eu entendo de onde vêm o que Charisma, Amber, Michelle e todas as mulheres que falaram”.

Em uma declaração de duas partes publicada no Twitter, intitulada como “Minha verdade”, Carpenter descreveu o alegado comportamento cruel e impróprio de Whedon no set, especialmente quando ela estava grávida, o que desencadeou em uma condição física crônica contínua, traumas e ansiedade nela e possivelmente em outros envolvidos na produção das série. Ela escreve sobre as “ameaças passivo-agressivas contínuas” de Whedon, acrescentando que ele era “mau e mordaz, depreciativo sobre os outros abertamente”.
Carpenter conta que Whedon chegou a repreendeu por sua aparência – reclamando por ela fazer uma tatuagem, a chamando de “gorda” quando ela estava grávida. Ela ainda detalha vários casos específicos.
A declaração de Carpenter foi em apoio à Ray Fisher, que, em julho passado, foi o primeiro a relatar o comportamento “bruto”, “abusivo”, “não-profissional” e “totalmente inaceitável” de Whedon no set de “Liga da Justiça”, quando ele substituiu o diretor original, Zack Snyder (que precisou se afastar da produção do filme por causa de uma tragédia pessoal). Mais tarde, o astro de “Aquaman”, Jason Momoa, veio a público apoiar Fisher, assim como vários outros envolvidos no filme de super-heróis da DC.
Whedon se manteve em silêncio sobre todas essas polêmicas, apenas vindo a publico questionar a autenticidade e dizer que não havia provas de que ele costuma usar filtros para clarear a ple de pessoas não-brancas. Ainda assim, no entanto, ele não conseguiu se explicar o motivo de ter retirado vários personagens de atores não-brancos do filme de super-heróis.
A WarnerMedia imediatamente lançou uma investigação para apurar os crescentes relatos do comportamento de Whedon no set de “Liga da Justiça”. Quando as investigações sobre o que aconteceu no set de “Liga da Justiça” foram concluídas, a WarnerMedia afirmou unicamente que uma “ação corretiva” foi realizada – sem especificar o que exatamente isso significava.
Porém, um pouco antes da conclusão das investigações sobre sua má-conduta no set de “Liga da Justiça”, Whedon foi removido da série da HBO “The Nervers” – que ele esteve por dois anos, escrevendo, dirigindo e produzindo. Embora ele tenha alegado que estava “genuinamente cansado” e que não seria capaz de comandar uma série durante a pandemia, a concisão declaração da HBO pareceu reveladora: “Nós nos separamos de Joss Whedon”, disse na época um porta-voz da HBO, que também é de propriedade da WarnerMedia. “Continuamos entusiasmados com o futuro de ‘The Nevers’ e esperamos sua estreia no verão de 2021”.

Após esse desenvolvimento, Fisher disse que não tinha “intenção” de permitir que Whedon usasse “a velha tática de Hollywood de ‘sair’, ‘renunciar’ ou ‘ir embora’ para encobrir seu péssimo comportamento”. No entanto, embora a WarnerMedia tenha aparentemente afastado Whedon, os produtores Geoff Johns e Jon Berg, que de acordo com Fisher habitaram o comportamento “abusivo” e “não-profissional” de Whedon no set do filme, não foram afastados pelo estúdio.
Ray Fisher, por sua vez, fez sua própria declaração afirmando que “Charisma Carpenter é uma das pessoas mais corajosas que conheço. Serei eternamente grato por sua coragem e por emprestar sua voz à investigação de ‘Liga da Justiça’. Leia a verdade dela. Compartilhe sua verdade. Proteja-a a todo custo. ‘Está na hora’”, ele escreveu acrescentando o símbolo de “A>E”, que significa “responsabilidade é maior do que entretenimento”.
Amber Benson, que interpretou Tara em “Buffy”, compartilhou seu apoio a Charisma Carpenter no Twitter, escrevendo que o set de “’Buffy’ era um ambiente tóxico e começa no topo. Charisma está falando a verdade e eu a apoio 100%. Muitos danos foram causados durante esse tempo e muitos de nós ainda estamos processando isso mais de vinte anos depois”.
Sarah Michelle Gellar, que interpretou Buffy, divulgou sua própria declaração nas mídia sociais dizendo: “Embora eu tenha orgulho de ter meu nome associado a Buffy Summers, não quero estar para sempre associada a Joss Whedon”, escreveu ela no Instagram. “Estou com todos os sobreviventes de abuso e tenho orgulho deles por falarem”. Eliza Dushku, que também fez parte de “Buffy” e “Angel”, veio a publico apoiar suas co-estrelas e ressoar as alegações de não-profissionalismo contra Whedon.
Embora alguns possam pensar que “Buffy” e “Angel” foram séries protagonizadas por mulheres, colocando-as em papéis de ação ainda nos anos 2000, a Vox relata que “Angel”, mesmo com sua alta taxa de rotatividade do elenco, só conseguiu colocar três personagens femininas nos créditos principais ao longo de suas cinco temporadas e uma delas por menos de uma temporada. A série matou suas duas personagens femininas mais proeminentes, incluindo Cordelia Chase, a personagem de Charisma Carpenter, de uma forma particularmente humilhante e que parecia estranhamente cruel até mesmo para uma série antiga.
A personagem passa uma temporada secretamente possuída por um demônio, e aquele demônio faz com que ela tenha um caso com o filho adolescente de Angel, após ela ter sido anteriormente posicionada como o interesse amoroso de Angel. Em seguida, ela entra em coma enquanto dá à luz o bebê resultante (observe que ela estava grávida de verdade), e acorda uma temporada depois para morrer imediatamente depois.
Joss Whedon e seus representantes ainda não responderam e nem publicaram alguma declaração sobre as novas acusações sobre o seu dito comportamento abusivo no set das produções em que ele está envolvido.