Ninguém deveria duvidar da capacidade de Craig McCracken de fazer um bom desenho animado. McCracken, que no início de sua carreira trabalhou escrevendo episódios de “O Laboratório de Dexter”, é o criador de animações como “As Meninas Superpoderosas” e “A Mansão Foster para Amigos Imaginários”. Agora, ele tem um novo desenho animado, “Kid Cosmic”, que estreará no início de fevereiro na Netflix.
A série animada é sobre um jovem garoto chamado Kid, que encontra cinco pedras cósmicas mágicas (que ficam em anéis) que dão superpoderes únicos aos seus usuários. Kid então forma uma equipe de super-heróis composta por ele, seu avô, suas melhores amigas e um gato, que agora possuem habilidades como vôo, previsão futuro e teletransporte, para enfrentar alienígenas malvados e outras ameaças. Mas, o menino e sua turma irá descobrir que “ser herói na fantasia é bem diferente do que na realidade”.
A ideia por trás da história de “Kid Cosmic” foi desenvolvida por McCraken pela primeira vez anos atrás, em 2009, na época com a intenção de transformá-la em uma história de quadrinhos. Ele também diz que se inspirou em suas próprias experiências de infância e vários personagens são baseados em pessoas de sua vida, como sua irmã mais velha e sua filha.
Em uma ampla entrevista com a Animation Magazine, McCraken contou sobre as origens da ideia por trás do seu novo programa animado, e qual o objetivo que ele tem em mente com a história. “Eu queria criar um programa sobre esse período na vida de uma criança em que elas têm essa confiança ingênua de que tudo o que elas querem pode acontecer”, disse McCraken na entrevista. “Lembro-me de quando era criança, costumava desenhar histórias em quadrinhos e gibis e não entendia por que não estava pronto para ser publicado aos 12 anos”.
“Ao desenvolver ‘Kid Cosmic’, eu queria explorar essa confiança ingênua que todas as crianças têm”, ele ainda acrescenta. “Então, a série é sobre um garoto que tem essa fantasia de ser um herói e essa oportunidade literalmente cai a seus pés. A fantasia se desenrolaria da maneira que acontece nos filmes ou nas cenas dos quadrinhos, ou a realidade seria muito diferente? Essa foi a inspiração básica”.
“Na verdade comecei a pensar nessa ideia em 2009, mas quanto mais pensava nisso, percebia que precisava ser serializado”, ele explica. “Não posso fazer desenhos aleatórios de 11 ou 22 minutos com isso. Esse personagem precisa crescer e mudar, então eu o coloco em segundo plano”.
McCraken ainda conta como seu projeto de animação mais recente foi parar na Netflix. “Nos últimos anos, como você sabe, mais redes se abriram para a ideia de serialização em adaptações de quadrinhos. Então, surgiu a Netflix e pensei: isso é algo que desejo fazer há anos. Eu apresentei a ideia a eles e eles adoraram”, ele contou. “Então começamos a produção! Comecei a pensar nisso cerca de cinco anos atrás e começamos com a Netflix no início de 2018”.
Sobre os visuais do programa animado, ele conta que “uma das coisas que eu queria focar com a série era tê-la baseada na realidade. Criamos um estilo de design que refletia isso”. O objetivo da produção de “Kid Cosmic”, conta McCraken, era deixar “a impressão de uma abordagem de quadrinhos”. Então, para isso, eles procuraram cartunistas que trabalhavam mais na mídia impressa, “eles têm um bom equilíbrio entre serem verossímeis e também serem cartunistas”, McCraken explica.
Isso deixou o desenho animado um pouco como os quadrinhos, mas também, como dito, críveis. “Kid e sua equipe são como uma equipe de super-heróis do punk rock, então queríamos nos concentrar em um visual um pouco áspero nas bordas e não esconder o fato de que se trata de desenhos. Então, para os planos de fundo e o trabalho de linha nos personagens, nós meio que deixamos aquela textura de desenho à mão lá. Queríamos transmitir essa qualidade humana”.
Ele explica que decidiu ambientar “Kid Cosmic” em uma cidade deserta no Novo México, por que o local é “rural o suficiente para que você possa acreditar que uma equipe de pessoas comuns pode lutar ali contra alienígenas sem que todos descubram” e, além disso, “o Novo México é sinônimo também de acidentes de espaçonaves e é icônico”.
A ambientação da série animada também têm ligações com McCraken, que tirou alguma inspiração disso da sua infância, pois ele conta que quando ele era criança, sua mãe costumava o levar para o deserto. “E eu meio que me apaixonei por isso”, ele explica.
Mas, McCraken tem outro motivo interessante para ter decidido ambientar a série em uma cidade desértica. “Outra razão importante é que é um favor para a produção: você não tem que fazer prédios e multidões, e pode ir com linhas do horizonte e montanhas e se concentrar nos personagens e na história”.
Ele também conta que a parte mais difícil em fazer “Kid Cosmic” foi colocar a história no “aspecto serializado disso”, diz ele. “Quando você faz programas aleatórios de 11 minutos, cada desenho pode ser autônomo. Mas quando você está contando uma grande história, ela precisa parecer uma peça só. Precisa parecer que foi escrito e dirigido por uma pessoa. Foi um desafio manter essa unidade em todos os 10 episódios da temporada”.
“Quando você está fazendo um programa não serializado, você tem a liberdade de ter uma variedade de tons, mas com este programa, foi um esforço concentrado para fazer parecer um filme de três horas e 20 minutos dividido em capítulos, concebido e escrito por uma mão”, ele acrescenta.
No final, o esforço deu certo, pois McCraken conta que a série “é exatamente o programa que imaginei e queria fazer, e estou muito feliz com os episódios e super animado com as crianças finalmente conseguindo vê-lo”. Além disso, ele pontua que está “muito orgulhoso da liberdade e confiança que a Netflix nos proporcionou e de que realizamos o que queríamos fazer”.
“É bom ter um projeto que posso simplesmente dizer às pessoas: ‘Chama-se Kid Cosmic e está na Netflix’. Não preciso dizer às pessoas: ‘É nas noites de sexta-feira, ou talvez eles mudaram para segunda-feira'”, McCraken expressa sua empolgação. “Estamos todos muito, muito orgulhosos do trabalho que fizemos no programa”.
Descobriremos mais quando “Kid Cosmic” fizer sua estreia superpoderosa na Netflix em 2 de fevereiro, mas até lá certifique-se de conferir o trailer e a história em quadrinhos com os detalhes sobre a série animada.
