Jack Dorsey, cofundador do Twitter, deixou o conselho da Bluesky, uma rede social ‘alternativa’ ao Twitter que ele financiou e ajudou a fundar. Ele ainda incentivou os usuários a permanecerem em seu primeiro site, agora propriedade de Elon Musk e chamado X.
Dorsey confirmou sua saída do conselho da Bluesky – projeto que ele descrevia como “um padrão aberto e descentralizado para mídias sociais” – em 4 de maio por meio de um post no X. “Agradecemos sinceramente a Jack por sua ajuda no financiamento e no início do projeto Bluesky”, postou a rede social depois da publicação de Dorsey, afirmando que agora “está prosperando como uma rede social de código aberto rodando em atproto, o protocolo descentralizado que construímos”.
No dia anterior a sua saída, ele publicou: “não dependa de corporações para conceder direitos a você. defenda-os você mesmo usando a tecnologia da liberdade. (você está em uma)”.
“Falou o rei da censura. Zero autoconsciência”, respondeu um usuário do X. Dorsey se limitou a responder o comentário com um emoji de pessoas se abraçando. É irônico a posição de Dorsey considerando que durante seu mandato como CEO no Twitter muitos usuários da plataforma foram censurados, inclusive à pedido de governos.
Dorsey chama X de “tecnologia da liberdade”
Em suas publicações no X, o cofundador do Twitter classificou a rede social X como “tecnologia da liberdade”, ao lado de outras iniciativas de protocolos abertos de internet. Essa é uma mudança brusca na posição de Dorsey, que no passado recente criticou publicamente o X e Musk, afirmando que “tudo deu errado” na plataforma após sua aquisição.
Em uma entrevista no Business Insider, Dorsey expressou apoio à visão de Musk para o X. Ele acredita que a ênfase de Musk na liberdade de expressão e a busca por novas fontes de receita, como assinaturas, são cruciais para o sucesso da plataforma.

Relembrando seus dias como CEO do Twitter, Dorsey acha que o modelo de receita publicitária não funcionava. Ele argumenta que essa dependência de anunciantes limitava a liberdade de expressão da plataforma, pois as marcas tinham poder de influenciar o conteúdo publicado.
Ele explicou que se uma grande marca como a P&G ou Unilever “não gosta do que está acontecendo na plataforma e ameaça retirar o orçamento”, e esse orçamento representa uma grande parte das receitas da empresa, então “você não tem escolha” a não ser fazer o que a marca quer.
“O Twitter era um negócio de US$ 5 bilhões por ano”, disse Dorsey. “Eu não sei o que é agora, mas obviamente não está nem perto disso, certo? Essas são escolhas que podem ser feitas, mas isso não significa que será o mesmo nível de negócios por algum tempo, até descobrires um modelo completamente diferente à volta dele.”
Ele também critica o conselho do Twitter, que ele considera a principal fonte das dificuldades que a plataforma enfrentou durante seu mandato como CEO. Dorsey afirma que o conselho estava excessivamente focado em gerar receitas e não tinha visão estratégica para o futuro do Twitter.
Dorsey faz doação ao Nostr e para de seguir milhares de pessoas
Dorsey também anunciou uma doação de US$ 5 milhões para a rede descentralizada Nostr, como parte de uma doação maior de US$ 21 milhões para OpenSats, uma instituição de caridade que financia tecnologias de código aberto e relacionadas ao Bitcoin, por meio de sua instituição de caridade #startsmall.
Em seu perfil no X, Dorsey agora exibe apenas sua “chave pública” do Nostr, uma sequência de caracteres que permite que a rede social opere de forma independente de qualquer empresa ou plataforma.
Dorsey também reduziu drasticamente a lista de contas que segue no X, mantendo apenas três: Musk, Edward Snowden e Stella Assange, esposa do editor do WikiLeaks. Essa movimentação sinaliza uma aproximação de Dorsey e o atual dono do X, depois de suas críticas à Musk.