A Walt Disney Company anunciou uma “reestruturação estratégica” de todo o seu vasto império, que passará a ser focada em suas plataformas de streaming, incluindo o Disney+ e o Hulu. Esta nova estrutura de negócios posiciona a empresa para atender de forma mais agressiva seu público onde ele está, com a corporação dizendo ter sido “projetada para acelerar ainda mais a estratégia direta ao consumidor da empresa”.
Parece que a Disney também busca uma abordagem menos tradicional para a nova administração seus negócios de entretenimento e mídia, com foco em “entregar e monetizar nosso ótimo conteúdo da maneira ideal ao máximo possível” e para isso está nomeando Kareem Daniel, um executivo que supervisionava produtos de consumo, jogos e publicações da empresa, para supervisionar todo o Disney+.

O objetivo é capacitar estúdios individuais e chefes de rede para decidir para onde sua programação deve ir “ao invés de ter de alguma forma pré-determinado que um filme é destinado aos cinemas ou que um programa de TV é destinado à ABC”, disse o CEO Bob Chapek à CNBC.
Com esta reestruturação, a Disney dá um golpe quase que fatal nos cinemas, que tem sido um dos negócios mais prejudicados pela pandemia de coronavírus. Antes, a empresa retirou vários de seus filmes do cinema, para suas plataformas de streaming, incluindo o já infame remake em live-action de “Mulan”, no qual a Disney creditou órgãos estatais chineses ligados aos campos de concentração do país asiático.
Pelos últimos anos, a corporação tem conseguido os melhores resultados de bilheterias, com o estúdio tendo conseguido a façanha de estar envolvida com sete dos dez filmes de maior bilheterias de 2019: “Vingadores: Ultimato” com US$ 2 bilhões; “O Rei Leão” com 1,6 bilhão; “Frozen 2” com US$ 1,2 bilhão; “Capitã Marvel” com US$ 1,1 bilhão; “Toy Story 4” com US$ 1 bilhão; “Aladdin” com US$ 1 bilhão; e “Star Wars: A Ascensão Skywalker” com US$ 761 milhões.
Em resumo, a indústria cinematográfica infelizmente depende da Disney para se manter, e apesar de críticas de que sucessos de bilheterias possam prejudicar o desenvolvimento do “cinema de verdade”, a indústria precisa dessas coisas para sobreviver.
Conforme observa publicação da Forbes, o movimento da Walt Disney de posicionar os seus múltiplos serviços de streaming no centro dos seus negócios é um movimento diferenciado mas que não beneficia em nada o futuro e a existência dos cinemas.
Sob o domínio da corporação existe alguns dos maiores estúdios do mundo: Walt Disney Studios, Walt Disney Animation Studios, Pixar Animation Studios, Marvel Studios, Lucasfilm, 20th Century Studios e Searchlight Pictures – dentre outros incorporados por outras bandeiras da empresa, que tem o hábito de engolir negócios rivais para ampliar seu poder e monopólio (a exemplo do próprio Hulu).

2020 tem sido um ano terrível para a Disney, que viu a muitos dos tentáculos do seu império ser fortemente abalado, incluindo o fechamento de todos os seus parques, o que levou a demissões em massa de funcionários, enquanto o estúdio não conseguiu um único sucesso de bilheteria no ano e também teve a produção de seus filmes e séries interrompidas. Em contra partida, o Disney+ foi o único dos negócios que viu prosperar graças à pandemia de coronavírus.
Chapek disse também que essa reorganização está em andamento há um bom tempo, afirmando que a pandemia apenas acelerou esse processo.
No anúncio também é dito que a parte de estúdios do grupo de distribuição de mídia e entretenimento produzirá conteúdo para “distribuição em cinemas, linear e streaming”, embora o mesmo comunicado de imprensa afirme que o foco é levar esses conteúdos diretamente para os seus consumidores através de seus tentáculos, que incluem Disney+, Hulu e ESPN+.
Chapek afirma que essa reestrutura visa aumentar o valor para os acionista: “Dado o incrível sucesso da Disney+ e nossos planos para acelerar nossos negócios diretos ao consumidor, estamos posicionando estrategicamente nossa empresa para apoiar de forma mais eficaz nossa estratégia de crescimento e aumentar o valor para os acionistas”, afirmou. “Gerenciar a criação de conteúdo diferente da distribuição nos permitirá ser mais eficazes e ágeis em tornar o conteúdo que os consumidores mais desejam, entregue da maneira que eles preferem consumir”.
No Brasil, o Disney+ está marcado para estrear em 17 de novembro deste ano – depois que a plataforma já foi lançada por diversas partes do mundo.