Christopher Nolan diz que seu Batman funcionou porque os filmes de super-heróis ainda não eram uma “máquina”

Por Redação Categoria Nerd
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Os filmes de super-heróis existem, de uma forma ou de outra, há muito tempo, mas foi na última década que as adaptações de quadrinhos atingiram um novo nível, muito mais alto. A ascensão da narrativa do universo compartilhado transformou a DC e a Marvel em uma potência de bilheterias, lançando sucesso após sucesso.

Para Christopher Nolan, o cineasta por trás de “A Origem” que um dia ajudou a dar início a essa era com o sucesso de um bilhão de dólares de sua trilogia do Cavaleiro das Trevas, todo esse sucesso não é necessariamente uma coisa boa, pelo menos quando se trata de refletir sobre por que seus próprios filmes tiveram sucesso.

Em uma entrevista recente relatada pelo IndieWire, Nolan foi questionado sobre o segredo do sucesso da trilogia e um dos momentos mais esclarecedores foi quando ele expressou alívio de ter feito os filmes do Batman, quando a indústria de filmes de super-heróis “não parecia uma máquina, um motor de comércio para o estúdio”.

Nolan atribui tudo ao tempo, e a capacidade de contar o tipo de história do Batman que nenhum dos outros filmes lançados na época tentou abordar de forma completa. “Foi o momento certo para contar a história que eu queria fazer”, ele explica. “A história de origem de Batman nunca foi abordada em um filme ou totalmente nos quadrinhos. Não havia uma coisa específica ou exata que devíamos seguir. Houve uma lacuna na história do cinema”.

“Superman teve uma narrativa muito definitiva com Christopher Reeve e Richard Donner [em 1978]”, Nolan continua. “A versão disso com Batman nunca foi contada. Estávamos vendo esta narração de uma figura extraordinária em um mundo comum”.

Embora a história da origem do Batman tenha sido abordada em uma escala menor em outros filmes, e, claro, embora houvesse quadrinhos de origem até aquele momento, notavelmente ninguém tinha vasculhado as profundezas do passado de Bruce Wayne para criar o tipo de jornada cinematográfica através do trauma, treinamento e icônica que Nolan foi capaz de fazer com a sua trilogia.

Em última análise, a trilogia do Cavaleiro das Trevas de Nolan chegou bem no meio de um tempo de transição para os filmes de super-heróis e ajudou a construir o gênero, quer saiba ou não. Para o cineasta, a vantagem daquela época é que, como os filmes de super-heróis ainda não eram o que são hoje, existia mais espaço para desenvolver as histórias.

“A outra vantagem que tínhamos era que você podia demorar mais entre as sequências”, explica Nolan. “Quando fizemos ‘Batman Begins’, não sabíamos que faríamos um e demorou três anos para fazê-lo e quatro anos antes do próximo. Tínhamos o luxo do tempo. Não parecia uma máquina, um motor de comércio para o estúdio. À medida que o gênero se torna tão bem-sucedido, essas pressões se tornam cada vez maiores. Era a hora certa”.

Parece interessante notar que os filmes de super-heróis já eram, pelo menos em parte, “um motor de comércio” muito antes de Nolan entrar a bordo da ideia de fazer um. Na época já existia uma trilogia de filmes do “Homem-Aranha”, uma trilogia de filmes dos “X-Men”, uma trilogia de “Blade”, dois filmes de Hellboy e a tentativa de “Superman: O Retorno”.

Há pouco tempo, Nolan compartilhou algumas observações sobre o funcionamento do Batman nas telas e as muitas versões que o personagem recebe ao longo dos anos. Ele explicou que essas muitas versões surgem para cada nova geração e é isso que mantém a lenda viva.

A próxima versão do Batman será interpretada por Robert Pattinson, com quem Nolan trabalhou no recentemente lançado filme sobre inversão do tempo, “Tenet”. Nolan também disse na época que “não poderia estar mais animado para ver o que ele fará com o Batman”.

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