Parece um déjà vu de 2020, mas a vítima da censura está do outro lado. O X (anteriormente conhecido como Twitter) está impedindo que usuários compartilhem links para um boletim informativo contendo um documento – supostamente hackeado – sobre uma pesquisa da campanha de Donald Trump sobre o candidato à vice-presidente em sua chapa, JD Vance.
O jornalista Ken Klippenstein, que escreveu o boletim informativo, teve sua conta suspensa na plataforma. Buscas por postagens contendo links para o boletim não retornam nenhum resultado. Veja:

O The Verge informou que o documento em questão teria sido obtido por meio de um ataque hacker iraniano à campanha de Trump. Embora outros veículos de notícias tenham recebido as informações do hack, eles se recusaram a publicá-las. Klippenstein afirma em seu boletim que uma fonte chamada “Robert”, com um endereço de e-mail da AOL, lhe forneceu o documento.
Em uma declaração na conta de segurança do X, a plataforma afirmou que Klippenstein foi “temporariamente suspenso por violar nossas regras sobre publicação de informações pessoais privadas não editadas”. Contudo, não houve esclarecimentos sobre o bloqueio dos links para seu artigo. Também não está claro onde estavam tais regras, já que esta regra havia sido removida desde o episódio do laptop de Hunter Biden.
Não está claro por que o X está bloqueando a reportagem de Klippenstein, mas tentativas de postar links para a reportagem retornam uma mensagem de erro ao usuário, dizendo que o mesmo “foi identificado pelo X ou nossos parceiros como potencialmente prejudicial”. Veja:

Semelhanças com o caso do Laptop de Hunter Biden
Isso remete a um episódio semelhante ocorrido em 2020, quando o Twitter (e outras plataformas como a Meta) censurou uma reportagem do New York Post sobre o laptop de Hunter Biden, filho do então candidato e agora presidente dos EUA, Joe Biden. Após o escândalo, o Twitter mudou sua política, afirmando que não bloquearia mais materiais hackeados.
“O bloqueio direto de URLs estava errado, e atualizamos nossa política e aplicação para consertar”, escreveu o então CEO Jack Dorsey na época. A política anterior do Twitter sobre materiais hackeados não está mais disponível, mas uma versão de 2019 indicava que postar ou vincular a conteúdo hackeado poderia ser proibido.
Elon Musk criticou censura semelhante à que fez agora
Musk, que posteriormente adquiriu o Twitter, foi um dos críticos da decisão de bloquear os links para a matéria sobre o Laptop de Hunter Biden do New York Post, classificando-a como “inapropriada”.
“Suspender a conta do Twitter de uma grande organização de notícias por publicar uma história verdadeira foi obviamente incrivelmente inapropriado”, escreveu Musk em 2022 no X.
Esse episódio revela uma contradição entre as declarações de Musk sobre defender a liberdade de expressão e as ações de sua plataforma, que parecem seguir um caminho similar ao da antiga política de censura do Twitter. A censura de informações, especialmente em um contexto político tão sensível, é certamente crucial para entender que Musk talvez não seja o paladino da liberdade de expressão que alega ser.