Entenda toda a polêmica em torno do filme “Cuties”, que gerou pedidos massivos por cancelamento da Netflix

Por Conteúdo Externo
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“Cuties”, um filme francês sobre uma garota que parte atrás de seus sonhos, agora está disponível na Netflix, mas antes de mergulhar no filme você pode ter se deparado com uma enorme controversa em torno dele e agora está procurando obter algumas informações básicas sobre o que é toda essa polêmica em relação à “Cuties”, que gerou um enorme e crescente pedido por cancelamento da Netflix.

Tudo isso começou bem antes do filme chegar na plataforma, especificamente quando a Netflix lançou um poster estranho colocando jovens meninas em posições bizarras, provocando uma reação enorme de críticas na internet, bem como de instituições de direitos das crianças que lutam contra a exploração sexual condenando a Netflix por supostamente fazer hipersexualização de crianças.

Realmente não ajudou muito, o fato de que uma sinopse inicial do filme dizer o seguinte: “Amy, 11 [anos], fica fascinada com uma equipe de dança twerking. Na esperança de se juntar a eles, ela começa a explorar sua feminilidade, desafiando as tradições de sua família”.

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Com os críticos argumentando que se tratava de sexualização de crianças menores, a Netflix voltou atrás, pedindo desculpas pela imagem, classificando-a como “inadequada”. No entanto, a Netflix não pediu desculpas pelo filme em si, pelo contrário, a plataforma manteve seu produto, dizendo que a produção ganhou um prêmio no Festival de Cinema de Sundance em janeiro de 2020.

“Sentimos profundamente pela arte inadequada que usamos para Mignonnes/Cuties”, disse a Netflix por meio de um comunicado no Twitter. “Não estava tudo bem, nem representava esse filme francês que ganhou um prêmio no Sundance. Agora atualizamos as fotos e a descrição”.

Com toda a controversa e críticas engrossando cada vez mais, a Netflix manteve sua posição, dessa vez pedindo que os seus críticos assistissem ao filme, antes de julgá-lo, dizendo que o filme era sobre algo que a plataforma realmente nunca tinha falado antes: “‘Cuties’ é um comentário social contra a sexualização de crianças pequenas”, disse um porta-voz da Netflix em um comunicado ao TODAY. “É um filme premiado e uma história poderosa sobre a pressão que as jovens enfrentam nas redes sociais e da sociedade em geral crescendo – e nós encorajaríamos qualquer pessoa que se preocupa com essas questões importantes a assistir ao filme”.

No entanto, os argumentos, até então válidos, foram completamente prejudicados por figuras de extrema direita, que se aproveitando do buzz que esse assunto gerou, e está gerando, começaram a fazer sensacionalismo com objetivo de ganhar popularidade, fazendo ameaças graves, provocando a ira das suas bases de seguidores extremistas, o que os levou ao limite.

Esse caso tomou proporções graves e indescritíveis, quando esses seguidores extremistas enviaram ameaças de morte para a diretora do filme (que realmente não era responsável pelas imagens promocionais veiculadas pela Netflix, que levou a isso tudo em primeiro lugar).

“As coisas aconteceram muito rápido porque, após os atrasos, eu estava totalmente concentrada no lançamento do filme na França. Descobri o poster junto com o público americano. Minha reação? Foi uma experiência estranha”, Maïmouna Doucouré contou em entrevista ao Deadline. “Eu não tinha visto o poster até começar a receber todas essas reações nas redes sociais, mensagens diretas das pessoas com ataques contra mim. Eu não entendi o que estava acontecendo. Foi quando fui e vi como era o poster”.

“Recebi vários ataques à minha persona de pessoas que não tinham visto o filme, que pensaram que eu estava realmente fazendo um filme apologético sobre a hipersexualização de crianças”, diz ela. “Também recebi inúmeras ameaças de morte”. 

Mas ela diz à publicação que aqueles que viram o filme no Festival de Sundance e em Berlim “realmente a apoiaram” e ajudaram a destacar a verdadeira mensagem do filme. Doucouré diz que também recebeu “apoio extraordinário” do governo francês, dizendo que o filme será usado como ferramenta educacional em seu país.

O co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, ligou para ela pessoalmente para se desculpar – até por que a empresa foi a responsável pelo poster e descrição que geraram toda essa polêmica. “Tivemos várias discussões depois que isso aconteceu. A Netflix pediu desculpas publicamente e também pessoalmente a mim”, conta. “Serviços de streamings são uma ótima maneira de divulgar minhas histórias e compartilhar minhas mensagens com mais pessoas”, ela acrescenta.

O poster original e o poster que a Netflix fez para o mesmo filme. Foto/Deadline

O filme, dirigido por Maïmouna Doucouré, basicamente segue uma menina de 11 anos chamada Amy, que mora em Paris e “começa a se rebelar contra as tradições conservadoras da família e encontra seu lugar em um grupo de dança da escola”.

Usualmente os críticos mais notáveis argumentam que o problema em si não é o filme francês, mas sim as imagens promocionais que a plataforma de streaming fez, incluindo o tal poster e descrição muito diferentes do conteúdo real do filme. Instituições que lutam contra a exploração sexual, incluindo a National Center on Sexual Exploitation (NCOSE) e o Parents Television Council (PTC), condenaram veementemente a plataforma de streaming.

Os pedidos por cancelamento da Netflix simplesmente aumentaram desde a estréia de “Cuties” na última quarta-feira. Agora que “Cuties” está disponível no Netflix, você pode assistir e decidir por si mesmo se o filme é o que dizem.

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