Hugo Weaving, astro de “Matrix” e “V de Vingança”, criticou grupos de direita por redirecionar incorretamente ambos os filmes para suas próprias agendas políticas, explicando que essas pessoas não entenderam o real propósito dos filmes e o que eles representam.
“Estou confuso com isso”, disse ele ao The Daily Beast. “Isso só mostra como as pessoas não conseguem ler além das superfícies. Elas não leem nas entrelinhas. Eles pegam algo que acham legal e o reaproveitam para se ajustar a si mesmos quando a intenção original ou o significado dessa coisa foi exatamente o oposto”.
Weaving então observa que há pouco tempo viu um dos protestos contra o racismo sistemático ser atrapalhado por um grupo de manifestantes de direita usando as icônicas máscaras de “V de Vingança”, ele então argumenta que “isso não poderia ser mais o oposto do que significa”.
“Eu diria a mesma coisa sobre a máscara ‘V de Vingança'”, diz ele. “Havia um grupo no protesto Black Lives Matter que estava contra [os manifestantes] com suas armas, e dois ou três desses caras estavam usando máscaras ‘V de Vingança’, e eu disse: ‘Uau, cara. Isso não poderia ser mais o oposto do que significa'”.
“O V original era baseado em Guy Fawkes, e esses caras estavam tentando explodir o Parlamento. Eles eram jovens protestantes católicos que estavam sendo perseguidos por seu governo, tentando se rebelar contra isso e tomando medidas violentas para fazer a causa deles. Para mim, essa máscara sempre representou questionar o governo. E agora são os caras que geralmente estão insatisfeitos com o que está acontecendo que está usando”, ele completa.
Weaving também observou os perigos de escolher apenas partes aleatórias de um filme, ao invés de obter toda uma reflexão profunda para se entender o seu propósito e significado, fazendo uma análise detalhada sobre o estado atual do mundo.
“O mesmo com ‘Matrix’. Havia algo a ver com ficar legal de preto com uma arma, e então você pode ir para uma escola e atirar nas pessoas e de alguma forma você está imune às consequências disso porque você se sente legal – você se sente como se fosse o V ou o Neo ou algo assim. É uma leitura muito, muito superficial da intenção de um filme”, ele explica. “Esse é um problema com a cultura popular: esses filmes são profundamente pensados, mas é muito fácil ter uma aparência bacana, ter um corte de cabelo bacana e uma arma, e você acha que isso é tudo que precisa fazer na vida. Mas você não pensou sobre para que serve essa arma, para que serve esse corte de cabelo e para que servem aquelas roupas pretas”.
“Por que você está tentando fazer tudo isso? É tudo narcisismo e ego? Ou é sobre comunidade e pensar sobre o que é certo para outras pessoas? Quando você tem essa divisão na sociedade, é porque não há liderança no topo”, ele continua acrescentando. “Eles não estão pensando nas outras pessoas, estão apenas pensando em si mesmos. Trump é o exemplo clássico e mais inacreditável. ‘Narcisista’ é uma coisa estúpida de se dizer, é tão óbvio. Ele não dá a mínima para ninguém além de si mesmo. É simplesmente inacreditável que ele seja o presidente”.
Não faz muito tempo desde que Lilly Wachowski, a co-diretora e co-roteirista de “Matrix”, se tornou viral ao rebater um comentário de Ivanka Trump e Elon Musk apoiando Donald Trump enquanto fazendo uma alusão à pílula vermelha do filme – uma referência à cena em que Morpheu oferece ao Neo as pílulas vermelhas e azuis, a pílula azul mantém Neo na mentira que é a Matrix, enquanto a vermelha o liberta de sua prisão, permitindo que ele veja a verdade.
