Dando início à mais estranha temporada de premiações de todos os tempos, o drama de estrada “Nomadland” levou o prêmio principal do Globo de Ouro que, como a primeira grande premiação televisionado de 2021 (atrasada de sua data de exibição usual do início de janeiro), forneceu um vislumbre para o tom do que será uma temporada muito incomum de premiações, que culminará com o Oscar do final de abril.
Em uma cerimônia híbrida – virtual e meio-presencial – apresentada por Tina Fey e Amy Poehler separadas em estúdios diferentes, houveram muitas críticas pela falta de diversidade em Hollywood e de suas produções, o que realmente definiu o tom da premiação, que distribuiu prêmios para “Nomadland”, “Borat: Fita de Cinema Seguinte”, “Soul”, “Minari”, “Schitt’s Creek”, “The Crown”, “O Gambito da Rainha” e outras produções.
A premiação aconteceu enquanto a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood está atolada – não pela primeira vez – em várias polêmicas; a última foi informada pelo Los Angeles Times, que descobriu que a misteriosa organização de 87 membros por trás do Globo de Ouro não tem um único membro negro (nem nunca teve). Durante a própria premiação, as apresentadores e vencedores criticaram a organização por isso.
“Nomadland” ganhou como melhor filme de drama e direção pelo trabalho de Chloe Zhao (que se tornou a segunda mulher a ganhar nessa categoria). “Estou sem palavras”, disse a diretora ao aceitar o Globo de Ouro de “Nomadland”, que também é um dos favoritos para o Oscar na categoria de melhor filme. Para ela, o filme em sua essência “é uma peregrinação através da dor e da cura. Então, para qualquer um que já passou por essa jornada, isso é para você. Não dizemos adeus, dizemos, ‘Vemo-nos no caminho'”.
“Borat: Fita de Cinema Seguinte” levou dois prêmios nas categorias de melhor filme de comédia ou musical e melhor ator em filme de comédia e musical; “Minari”, um dos favoritos para o Oscar, levou o prêmio de filme estrangeiro (o filme não pode concorrer nas outras categorias por ser predominantemente em coreano); “Os Sete de Chicago”, um drama de Aaron Sorkin indicado à vários prêmios, apenas levou o prêmio de roteiro.
Andra Day surpreendeu levando o prêmio de melhor atriz em filme por sua atuação como Billie Holiday; o falecido Chadwick Boseman ganhou um prêmio póstumo de melhor ator em filme de drama por sua atuação final em “A Voz Suprema do Soul”. Daniel Kaluuya conquistou seu Globo de Ouro por “Judas e o Messias Negro”, mas foi completamente atrapalhado por uma confusão técnica para receber seu prêmio de melhor ator coadjuvante.
“Soul”, o amplamente aclamado filme da Pixar sobre um músico aprendendo a valorizar a vida após uma experiência no “Além Vida”, levou o prêmio de melhor filme animado, superando “Os Croods 2”, “A Caminho da Lua”, “Wolfwalkers” e “Dois Irmãos” – outro filme da Pixar.
Nas categorias de série, “The Crown” fez a façanha de levar quatro estatuetas, uma na categoria de melhor série de drama e outras três nas categorias de atuação para Josh O’Connor, Emma Corrin e Gillian Anderson. “O Gambito da Rainha”, a série limitada de enorme sucesso da Netflix, levou dois prêmios – melhor série limitada ou telefilme e melhor atriz em série limitada ou telefilme pela performance de Anya Taylor-Joy.
“Schitt’s Creek” com sua temporada final não conseguiu uma vitória tão grande quanto as do Emmy (onde conseguiu fazer a façanha de levar todos os principais prêmios das categorias de série de comédia). No Globo de Ouro, a série canadense conseguiu dois prêmios apenas – melhor série de comédia e atriz em série de comédia pela atuação de Catherine O’Hara.
No discurso de aceitação, Dan Levy, co-estrela e co-criador da série de comédia que tem apenas uma pessoa negra com papel falante, ironicamente pediu mais diversidade nas produções. “No espírito da inclusão eu espero que no próximo ano essa cerimônia reflita a verdadeira amplitude e diversidade que está sendo feito hoje, por que há muito mais a ser comemorado”, disse ele. Confira a lista completa abaixo:
MELHOR FILME (DRAMA)
- Nomadland [VENCEDOR]
- Fox Searchligh Pictures
- Os Sete de Chicago
- Netflix
- Meu Pai
- Sony Pictures Classics
- Mank
- Netflix
- Promising Young Woman
- Focus Features
MELHOR FILME (MUSICAL/COMÉDIA)
- Palm Springs
- Neon/Hulu
- Borat: Fita de Cinema Seguinte [VENCEDOR]
- Amazon Studios
- A Festa de Formatura
- Netflix
- Hamilton
- Walt Disney Pictures
- Music
- Vertical Entertainment
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
- Os Croods 2: Uma Nova Era
- DreamWorks Animations/Universal Pictures
- Soul [VENCEDOR]
- Pixar/Walt Disney
- Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
- Pixar/Walt Disney
- A Caminho da Lua
- Netflix
- Wolfwalkers
- Cartoon Saloon/Apple TV+
MELHOR DIREÇÃO (FILME)
- Aaron Sorkin, Os Sete de Chicago
- Netflix
- Regina King, Uma Noite em Miami…
- Amazon Studios
- Chloé Zhao, Nomadland [VENCEDORA]
- Fox Searchligh Pictures
- David Fincher, Mank
- Netflix
- Emerald Fennell, Promising Young Woman
- Focus Features
MELHOR SÉRIE (MUSICAL/COMÉDIA)
- Schitt’s Creek [VENCEDORA]
- CBC
- The Flight Attendant
- HBO Max
- The Great
- Hulu (Starz Play no Brasil)
- Emily em Paris
- Netflix
- Ted Lasso
- Apple TV+
MELHOR SÉRIE (DRAMA)
- Lovecraft Country
- HBO Max
- Ozark
- Netflix
- Ratched
- Netflix
- The Mandalorian
- Disney+
- The Crown [VENCEDORA]
- Netflix
MELHOR SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
- Small Axe
- BBC/Amazon Studios
- O Gambito da Rainha [VENCEDORA]
- Netflix
- Normal People
- BBC/Hulu (Starz Play no Brasil)
- The Undoing
- HBO
- Nada Ortodoxa
- Netflix
MELHOR FILME EM IDIOMA NÃO-INGLÊS
- Minari (Estadunidense/Sul-Coreano) [VENCEDOR]
- A24
- Rosa e Mono (Italiano)
- Netflix
- Another Round (Dinamarquês)
- Samuel Goldwyn Films
- La Llorona (Castelhana/Guatemala)
- Shudder
- The Two of Us (Francês)
- Magnolia Pictures
MELHOR ROTEIRO
- Nomadland,
- escrito por Chloe Zhao
- Os 7 de Chicago,
- escrito por Aaron Sorkin [VENCEDOR]
- Meu Pai,
- escrito por Florian Zeller e Christopher Hampton
- Mank,
- escrito por Jack Fincher
- Promising Young Woman,
- escrito por Emerald Fennell
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
- “Fight for You”, do filme “Judas e o Messias Negro”
- H.E.R., Dernst Emile II e Tiara Thomas (Warner Bros.)
- “Hear My Voice”, do filme “Os 7 de Chicago”
- Daniel Pemberton e Celeste (Netflix)
- “Tigress & Tweed”, do filme “The United States vs. Billie Holliday”
- Andra Day e Raphael Saadiq (Hulu)
- “Speak Now”, do filme “Uma Noite em Miami…”
- Leslie Odom Jr. e Sam Ashworth (Amazon Studios)
- “Io Si (Seen)”, do filme “Rosa e Mono” [VENCEDORA]
- Diane Warren, Laura Pausini e Niccolò Agliardi (Netflix)
MELHOR ATRIZ EM FILME DE COMÉDIA/MUSICAL
- Maria Bakalova como Tutar Sagdiyev
- em “Borat: Fita de Cinema Seguinte”
- Michelle Pfeiffer como Frances Price
- em “French Exit”
- Kate Hudson como Zu
- em “Music”
- Rosamund Pike como Maria Grayson [VENCEDORA]
- em “Eu Me Importo Muito”
- Anya Taylor-Joy como Emma
- em “Emma”
MELHOR ATOR EM FILME DE COMÉDIA/MUSICAL
- Andy Samberg como Nyles
- em “Palm Springs”
- Sacha Baron Cohen como Borat [VENCEDOR]
- em “Borat: Fita de Cinema Seguinte”
- James Corden como Barry Glickman
- em “A Festa de Formatura”
- Lin-Manuel Miranda como Alexander Hamilton
- em “Hamilton”
- Dev Patel como David Copperfield
- em “A Vida Extraordinária de David Copperfield”
MELHOR ATOR EM FILME DE DRAMA
- Chadwick Boseman como Levee [VENCEDOR]
- em “A Voz Suprema do Blues”
- Riz Ahmed como Ruben
- em “O Som do Silêncio”
- Anthony Hopkins como Anthony
- em “Meu Pai”
- Gary Oldman como Herman Mankiewicz
- em “Mank”
- Tahar Rahim como Mohamedou Ould Slahi
- em “The Mauritanian”
MELHOR ATRIZ EM FILME DE DRAMA
- Frances McDormand como Fern
- em “Nomadland”
- Viola Davis como Ma Rainey
- em “A Voz Suprema do Soul”
- Andra Day como Billie Holiday [VENCEDORA]
- em “The United States vs. Billie Holiday”
- Vanessa Kirby como Martha Weiss
- em “Pieces of a Woman”
- Carey Mulligan como Cassandra
- em “Promising Young Woman”
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE COMÉDIA/MUSICAL
- Jane Levy como Zoey
- em “Zoey’s Extraordinary Playlist”
- Catherine O’Hara como Moira Rose [VENCEDORA]
- em “Schitt’s Creek”
- Kaley Cuoco como Cassie Bowden
- em “The Flight Attendant”
- Elle Fanning como Catherine, a Grande
- em “The Great”
- Lily Collins como Emily
- em “Emily em Paris”
MELHOR ATOR EM SÉRIE DE COMÉDIA/MUSICAL
- Ramy Youssef como Ramy
- em “Ramy”
- Don Cheadle como Mo Monroe
- em “Black Monday”
- Eugene Levy como Johnny Rose
- em “Schitt’s Creek“
- Nicholas Hoult como Peter
- em “The Great”
- Jason Sudeikis como Ted Lasso [VENCEDOR]
- em “Ted Lasso”
MELHOR ATOR EM SÉRIE DE DRAMA
- Bob Odenkirk como Jimmy McGill
- em “Better Call Saul”
- Josh O’Connor como “príncipe” Charles [VENCEDOR]
- em “The Crown”
- Jason Bateman como Marty Byrde
- em “Ozark”
- Al Pacino como Meyer Offerman
- em “Hunters”
- Matthew Rhys como Perry Mason
- em “Perry Mason”
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE DE DRAMA
- Jodie Comer como Villanelle
- em “Killing Eve”
- Emma Corrin como Diana Spencer [VENCEDORA]
- em “The Crown”
- Laura Linney como Wendy Byrde
- em “Ozark”
- Sarah Paulson como Nurse Mildred Ratched
- em “Ratched”
- Olivia Colman como “rainha” Elizabeth II
- em “The Crown”
MELHOR ATRIZ EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
- Shira Haas como Esther Shapiro
- em “Nada Ortodoxa”
- Anya Taylor-Joy como Beth Harmon [VENCEDORA]
- em “O Gambito da Rainha”
- Daisy Edgar-Jones como Marianne
- em “Normal People”
- Cate Blanchett como Phyllis Schlafly
- em “Estado Zero”
- Nicole Kidman como Grace Fraser
- em “The Undoing”
MELHOR ATOR EM SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
- Bryan Cranston como Michael Desiato
- em “Your Honor”
- Jeff Grant como James Comey
- em “The Comey Rule”
- Ethan Hawke como John Brown
- em “The Good Lord Bird”
- Hugh Grant como Jonathan Fraser
- em “The Undoing”
- Mark Ruffalo como Dominick Birdsey e Thomas Birdsey [VENCEDOR]
- em “I Know This Much Is True”
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM FILME
- Daniel Kaluuya como Fred Hampton [VENCEDOR]
- em “Judas e o Messias Negro”
- Sacha Baron Cohen como Abbie Hoffman
- em “Os 7 de Chicago”
- Bill Murray como Felix
- em “On the Rocks”
- Leslie Odom, Jr. como Sam Cooke
- em “Uma Noite em Miami...“
- Jared Leto como Albert Sparma
- em “Os Pequenos Vestígios”
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM FILME
- Olivia Colman como Anne
- em “Meu Pai”
- Helena Zengel como Johanna
- em “Relatos do Mundo“
- Amanda Seyfried como Marion Davies
- em “Mank”
- Glenn Close como Mawmaw
- em “Era uma vez um sonho”
- Jodie Foster como Nancy Hollander [VENCEDORA]
- em “The Mauritanian”
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE, SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
- Julia Garner como Ruth Langmore
- em “Ozark”
- Annie Murphy como Alexis Rose
- em “Schitt’s Creek“
- Gillian Anderson como Margaret Thatcher [VENCEDORA]
- em “The Crown”
- Helena Bonham Carter como “princesa” Margaret
- em “The Crown”
- Cynthia Nixon como Gwendolyn Briggs
- em “Ratched”
MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE, SÉRIE LIMITADA OU TELEFILME
- John Boyega como Leroy Logan [VENCEDOR]
- em “Small Axe”
- Dan Levy como David Rose
- em “Schitt’s Creek“
- Brendan Gleeson como Donald J. Trump
- em “The Comey Rule”
- Jim Parsons como Henry Willson
- em “Hollywood”
- Cynthia Nixon como Gwendolyn Briggs
- em “Ratched”
MELHOR TRILHA SONORA
- Tenet, da Warner Bros. Pictures
- Por Ludwig Göransson
- Soul, da Pixar [VENCEDOR]
- por Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste
- Mank, da Netflix
- por Trent Reznor e Atticus Ross
- O Céu da Meia-Noite, da Netflix
- por Alexandre Desplat
- Relatos do Mundo, da Universal Pictures
- por James Newton Howard
A premiação televisionada foi marcada por críticas pela falta de diversidade em Hollywood, bem como contra a organização por trás do Globo de Ouro, que se vê novamente em um escândalo sobre não ter negros revelada em uma reportagem bombástica do Los Angeles Times. Além disso, as plataformas de streaming se destacaram muito.
Com isso, em certo ponto, Fey e Poehler discutiram como diferenciar filmes de programas de televisão, principalmente por que na era pandêmica, os filmes de cinema se fundiram com plataformas de streaming, para conseguirem serem lançados. “Televisão é aquele que eu assisto cinco horas seguidas, mas filme é aquele que eu não ligo porque leva duas horas”, brincou Poehler. “Não quero ficar duas horas na frente da TV. Quero ficar na frente da minha TV por uma hora vezes cinco”.
Jane Fonda, que levou um Globo de Ouro pelo conjunto de sua obra, aproveitou o seu discurso para pedir que a indústria do entretenimento fizesse um trabalho melhor na inclusão. “A história que temos medo de ver e ouvir sobre nós mesmos neste setor é quais vozes respeitamos e elevamos e quais desligamos”, disse ela, acrescentando: “Vamos todos nós, incluindo os grupos que decidem quem será contratado , o que é feito e quem ganha prêmios, faça um esforço para expandir essa tenda para que todos se levantem e a história de todos tenha a chance de ser vista e ouvida”.
