Funcionários da editora que publicará livro de Woody Allen protestam contra decisão

Por Redação Categoria Nerd
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Funcionários da Hachette fizeram uma paralisação deixando seus escritórios em Nova York na quinta-feira (5) como uma forma de protesto contra a decisão da empresa em publicar a autobiografia do infame diretor Woody Allen. Trabalhadores revelam que a empresa não está ouvindo suas preocupações sobre o apoio ao cineasta acusado de abuso sexual.

A Grand Central, uma marca da Hachette, anunciou esta semana que iria publicar “Apropos of Nothing”, livro de Allen em 7 de abril.

“É um enorme conflito de interesses e errado”, disse um funcionário ao The Guardian. “Não depende de nós – depende dos superiores se eles querem ouvir nossas vozes”.

Foto mostra dezenas de funcionários da empresa nas ruas, após deixarem seus escritórios em protesto contra decisão de publicar livro de Allen.

Allen, de 84 anos, é um escritor e diretor de filmes, como “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, chegou até mesmo a ser influente na industria do entretenimento.

Ele se tornou infame depois da acusação da sua filha, Dylan Farrow, de que ele a estuprou quando criança no inicio dos anos 90. Apesar de que ele tenha negado a acusação, e investigações não terem dado em nada. Ronan Farrow, filho de Allen, confirmou o relato de sua irmã.

Vale observar, que de qualquer forma, Allen é casado com sua filha adotiva, Soon-Yi Previn. O que torna a acusação de Farrow mais forte.

Ronan Farrow é um autor, e escreveu sobre o caso e a era Me Too em “Catch and Kill”, livro publicado por uma marca do grupo francês, que ele está cortando relações após a decisão da corporação de publicar o livro de seu pai.

Em comunicado, Farrow aponta a “falta de ética e compaixão pelas vítimas de abuso sexual” na decisão da Hachette.

Em um e-mail particular para Hachette obtido pelo New York Times, o autor foi ainda mais contundente: “Enquanto você e eu trabalhamos em “Catch and Kill”… em parte sobre o dano que Woody Allen causou à minha família … você planejava secretamente publicar um livro da pessoa que cometeu esses atos de abuso sexual”. Ele concluiu: “Obviamente, não posso, em sã consciência, trabalhar mais com vocês. Imagine que essa poderia ser sua irmã”.

Desde terça-feira, quando a Hachette anunciou que irá publicar os livros de Allen, funcionários tentaram repetidamente falar com o departamento de recursos humanos da empresa, até que na quinta-feira, a empresa realizou dois fóruns nos quais os funcionários puderam expressar suas preocupações, mas logo após a segunda reunião, vendo que a empresa apenas queriam os convencer a aceitar sua decisão, funcionários preocupados da companhia, incluindo membros da equipe júnior e funcionários de nível sênior, diretor e executivo, deixaram os escritórios da empresa. A paralisação afeta os escritórios da Hachette em Nova York e Boston.

A empresa tentou se esquivar das preocupações dos funcionários disse em comunicado que quer “envolver” sua equipe para uma “discussão”. “Respeitamos e entendemos a perspectiva de nossos funcionários que decidiram expressar sua preocupação com a publicação deste livro. Vamos envolver nossa equipe em uma discussão mais ampla sobre isso na primeira oportunidade”.

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