Quem for assistir “Peter Pan”, “Dumbo” e outros filmes no Disney+ vai se deparar com um alerta de isenção de responsabilidade da plataforma pelas representações negativas de seus próprios conteúdos por apresentar estereótipos raciais e étnicos prejudiciais.
Antes do filme começar, é exibido na tela, por cerca de 12 segundos, uma mensagem com um aviso de que o título a ser transmitido a seguir contém “representações negativas e/ou maus-tratos de pessoas ou culturas”, e ainda existe uma justificativa para manter esse conteúdo no ar, com a empresa alegando que é para reconhecer e aprender com o “impacto prejudicial” dos seus filmes para criar “um futuro mais inclusivo”.
O alerta diz: “Este conteúdo inclui representações negativas e/ou maus-tratos de pessoas ou culturas. Esses estereótipos estavam errados na época e estão errados agora. Em vez de remover esse conteúdo, queremos reconhecer seu impacto prejudicial, aprender com ele e iniciar conversas para criarmos juntos um futuro mais inclusivo”.
“A Disney está comprometida em criar histórias com temas inspiradores e ambiciosos que reflitam a rica diversidade da experiência humana em todo o mundo”, alega o rótulo.
Dependendo do título transmitido na plataforma, uma mensagem mais especifica poderá aparecer, como é o caso de “As Aristogatas”, que apresenta representações racistas contra asiáticos: “O gato é retratado como uma caricatura racista dos povos do Leste Asiático com traços estereotipados exagerados, como olhos puxados e dentes salientes”, admite a empresa. “Ele canta em um inglês com sotaque fraco dublado por um ator branco e toca piano com pauzinhos”.
Este aviso conclui afirmando: “Este retrato reforça o estereótipo do ‘estrangeiro perpétuo’, enquanto o filme também apresenta letras que zombam da língua e da cultura chinesa, como ‘Xangai, Hong Kong, Egg Foo Young. Biscoito da sorte sempre errado'”.
No caso de “Peter Pan”, o filme é constantemente criticado por sua representação dos povos indígenas, enquanto “Dumbo” tem sido apontado por anos seus estereótipos raciais, principalmente em torno de uma cena de um grupo de corvos animados. Um aviso de isenção de responsabilidade foi anexado quando à esse título quando a plataforma foi lançada no ano passado, mas agora contém uma análise mais detalhada do que é problemático com o filme e por que ele é apresentado como tal.
Conforme observa publicação do TheWrap, esta atualização com descrições mais detalhadas vem de uma iniciativa chamada “histórias importam”, onde representantes de entidades que dizem representar grupos étnicos ofereceram feedback sobre o conteúdo problemático da Disney.
Quando o Disney+ foi lançado no ano passado, muitos acreditavam que “Dumbo” nem estaria disponível na plataforma, bem como o filme mais controverso e racista do estúdio, “A Canção do Sul”, que a própria empresa retirou de circulação pelo seu conteúdo preconceituoso lotado de estereótipos contra as pessoas negras e uma romantização da escravidão.
Porém ainda não existe nenhum rótulo sobre “Mulan”, que literalmente creditou agencias estatais chinesas ligas aos campos de concentração do país; O Disney+ estreará no Brasil em 17 de novembro deste ano – um ano depois da estreia em diversos países do mundo.
