O diretor de “O Brutalista”, Brady Corbet, se manifestou após a polêmica revelação de que Inteligência Artificial (IA) foi usada em partes da criação do filme. Na declaração publicada pela Variety, o cineasta defendeu o uso de IA para “melhorar” o diálogo em húngaro dos atores Adrien Brody e Felicity Jones e minimizou o uso de IA generativa para conceber certas imagens do final do filme.
“As performances de Adrien e Felicity são completamente suas. Eles trabalharam por meses com a treinadora de dialetos Tanera Marshall para aperfeiçoar seus sotaques. A inovadora tecnologia Respeecher foi usada apenas na edição de diálogos em húngaro, especificamente para refinar certas vogais e letras para precisão“, disse Corbet sobre o uso de IA para ajustar o diálogo de personagens no filme. “Nenhuma língua inglesa foi alterada. Este foi um processo manual, feito por nossa equipe de som e Respeecher na pós-produção. O objetivo era preservar a autenticidade das performances de Adrien e Felicity em outro idioma, não substituí-las ou alterá-las e feito com o máximo respeito pelo ofício”.

Corbet abordou o uso de IA generativa para criar imagens dos edifícios do protagonista construídos na sequência final do filme. “Judy Becker e sua equipe não usaram IA para criar ou renderizar nenhum dos edifícios. Todas as imagens foram desenhadas à mão por artistas. Para esclarecer, no vídeo memorial apresentado no fundo de uma cena, nossa equipe editorial criou imagens intencionalmente projetadas para parecerem renderizações digitais ruins por volta de 1980”, disse ele.
O cineasta concluiu defendendo os aspectos humanos da obra: “’O Brutalista’ é um filme sobre a complexidade humana, e cada aspecto de sua criação foi impulsionado pelo esforço humano, criatividade e colaboração. Estamos incrivelmente orgulhosos de nossa equipe e do que eles realizaram aqui.”
Entenda a polêmica


A polêmica começou depois que o editor de “O Brutalista”, Dávid Jancsó, admitiu em uma entrevista o uso de IA na pós-produção do filme. Ele explicou que a ferramenta de IA Respeecher foi utilizado para “melhorar” a autenticidade do diálogo húngaro dos atores Adrien Brody e Felicity Jones.
“Sou um falante nativo de húngaro e sei que é uma das línguas mais difíceis de aprender a pronunciar”, disse Jancsó. “Nós treinamos [Brody e Jones] e eles fizeram um trabalho fabuloso, mas também queríamos aperfeiçoá-la para que nem mesmo os locais notassem qualquer diferença.” Brody e Jones gravaram suas vozes no software de IA, enquanto Jancsó disse que também inseriu sua voz para “refinar o dialeto complicado”. “A maior parte do diálogo húngaro deles tem uma parte minha falando ali”, contou. “Fomos muito cuidadosos em manter suas performances. É basicamente só substituir letras aqui e ali.” Jancsó também revelou que a IA generativa foi usada na sequência final de “O Brutalista” para criar uma “série de desenhos arquitetônicos e edifícios finalizados” do personagem de Brody, László Tóth.
Apesar da explicação de Jancsó e do uso limitado de IA, a notícia de que “O Brutalista” – elogiado por seu estilo cinematográfico elaborado – utilizou ferramentas de IA em sua pós-produção foi recebida com críticas com muitos atacando a decisão.
Alguns criticam a decisão de manipular o sotaque dos atores, o que deveria ser um “aspecto fundamental de… atuar”. Também houve críticas à AMPAS por desqualificar a trilha sonora de Hans Zimmer para “Duna: Parte II” do Oscar pelo uso de elementos da música do primeiro filme, mas permitir que “O Brutalista” passasse apesar do uso de IA no diálogo.
Na entrevista, Jancsó reconheceu que era “polêmico” falar sobre IA no cinema, mas propôs “uma discussão muito aberta sobre quais ferramentas a IA pode nos fornecer”. O editor acrescentou: “Não há nada no filme usando IA que não tenha sido feito antes. Isso apenas torna o processo muito mais rápido. Usamos IA para criar esses pequenos detalhes que não tínhamos dinheiro ou tempo para filmar.”