A última vez que o mundo viu Shelley Duvall foi em 2016 durante uma entrevista bizarra e exploratória sobre doença mental no programa “Dr. Phil”, onde uma Duvall aparentemente incapacitada mentalmente, apareceu afirmando coisas sobre “alienígenas vivendo” em seu corpo e que Robin Williams, seu falecido colega do filme “Popeye”, não estava morto, mas sim “mudando de forma” ou o que quer que isso signifique.
“Estou muito doente, preciso de ajuda”, admitia Duvall em certo ponto daquela entrevista. “Bem, é por isso que estou aqui”, respondia o tal Dr. Phil, até porque é aí que está a fórmula sensacionalista de conseguir audiência.
Foi uma entrevista problemática de assistir, aparentemente feita com o objetivo de expô-la gratuitamente na televisão e conseguir audiência em vez de realmente ajudá-la. Mas aquelas não serão as últimas palavras dela pois o repórter Seth Abramovitch, do THR, encontrou Duvall e forneceu uma atualização de como está a estrela de “O Iluminado”, que inclusive esclarece declarações anteriores sobre o diretor Stanley Kubrick ser emocionalmente abusivo, dizendo que ele “foi muito caloroso e amigável”.

Duvall se estabeleceu em uma pequena cidade no estado do Texas, vivendo uma vida muito discreta. Pelas partes transcritas de sua extensa conversa com Abramovitch, ela parece estar muito mais mentalmente sã e capacitada do que naquela entrevista bizarra feita pelo “Dr. Phil”. E, além disso, ela parece se lembrar do seu tempo como atriz com carinho. Duvall compartilha ainda muitas histórias animadas, entre elas lembrando as festas de Hollywood “lançadas apenas para olhar para jovens atrizes e atores” e que “alguns [deles] ficaram famosos”, que ela costumava comparecer em seus primeiros dias na cidade de Los Angeles.
Duvall também esclareceu declarações anteriores que indicavam que o diretor Stanley Kubrick era emocionalmente abusivo com ela durante as filmagens do clássico “O Iluminado”. Quando questionada diretamente sobre isso pelo repórter, ela disse: “Ele tem essa veia. Ele definitivamente tem isso. Mas acho que principalmente era porque as pessoas foram assim em algum momento no passado. Seus dois primeiros filmes foram ‘A Morte Passou por Perto’ e ‘O Grande Golpe’”.
Ela então acrescentou: “Ele foi muito caloroso e amigável comigo. Ele passou muito tempo com Jack [Nicholson] e eu. Ele só queria sentar e conversar por horas enquanto a equipe esperava. E a tripulação dizia: ‘Stanley, temos cerca de 60 pessoas esperando’. Mas foi um trabalho muito importante”.
Anjelica Huston, que estava namorando Nicholson na época, disse à publicação que ela se lembra de Kubrick e Nicholson sendo um pouco duros com Duvall durante o período das filmagens. “Tive a sensação, certamente através do que Jack estava dizendo na época, que Shelley estava tendo dificuldade em lidar apenas com o conteúdo emocional da peça”, ela conta. “E eles não pareciam ser tão simpáticos. Parecia que os meninos estavam se unindo. Isso pode ter sido completamente minha interpretação errada da situação, mas eu simplesmente senti isso”.
O repórter também teve que mostrar para Duvall a inesquecível cena da escadaria direto do seu smartphone, o que supostamente foi a primeira vez que Duvall viu a cena em anos. Ela teve uma resposta emocional a isso. Duvall então explicou que chorou assistindo a cena simplesmente “porque nós filmamos isso por cerca de três semanas. Todo dia. Foi muito difícil. Jack era tão bom – tão assustador. Só posso imaginar quantas mulheres passam por esse tipo de coisa”.
Conforme observa o AvClub não parece que Duvall esteja planejando retornar a Hollywood tão cedo, mas ela não precisa. Ela parece bastante feliz vivendo uma vida discreta e isso é tudo que importa.